Goste ou não, o primeiro Avatar é um dos filmes mais importantes da história recente do cinema. Ali, o diretor James Cameron estabeleceu um padrão de qualidade que desde então poucos conseguiram atingir ou sequer chegar perto. É uma ficção-científica de ação em um mundo fictício totalmente feito por CGI, mas crível aos nossos olhos, pois o nível de detalhes chega a assustar. Isso explica o grande fenômeno em seu lançamento, fazendo uma grande massa de pessoas irem aos cinemas conferir de perto essa experiência e tornando o filme a maior bilheteria de todos os tempos.
Mas Cameron não queria parar por aí. Seu plano era transformar Avatar numa grande franquia tal como Star Wars havia sido na década de 80. No entanto, não seria possível produzir e lançar uma sequência logo em seguida, já que seria difícil impactar o público da mesma maneira se não trouxesse nenhuma inovação técnica. Então a solução foi esperar, o que não seria um problema já que o primeiro filme é um resultado de quase 10 anos de produção.
Dessa vez foram 13 anos e nesse tempo a indústria cinematográfica mudou bastante. Se em 2009 a Marvel Studios era apenas um estúdio independente dando seus primeiros passos para trazer os Vingadores à telona, hoje é um expoente do segundo maior conglomerado de mídia do mundo, a Disney. O público se acostumou às suas narrativas simples e direta, o que impactou todos os outros filmes do mercado. Logo surgiu uma discussão na internet: “Avatar 2 conseguiria impactar da mesma forma ou seria apenas mais um filme comum?”
Desde o primeiro frame do filme é impossível não sentir que estamos novamente diante de algo mágico para aqueles que apreciam uma boa aventura, daquelas que pegam por nossa mão e nos guia para desfechos já vistos, porém sem deixar de ter seu próprio brilho, pois é impossível não ficar deslumbrado com a beleza de Avatar: O Caminho da Água, encanta e nos deixa quase que paralisados diante da tela, com o filme alcançando um realismo que jamais foi visto, é certo que em termos técnicos, essa sequência é mais uma vírgula na jornada do cinema.
James Cameron nos leva de volta para a floresta tropical de Pandora, para sentirmos novamente aquela atmosfera, apenas tempo o suficiente para pegarmos fôlego para o que estar por vir.
Se a floresta construída por ele foi algo único, os oceanos de Pandora irão nos hipnotizar, certo de que não importa quantas vezes você veja, sempre será admirável como o primeiro olhar, um verdadeiro baile, um verdadeiro mergulho no que se torna um dos filmes mais lindos do ano. O filme segue novamente os personagens apresentados no primeiro capítulo, Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoë Saldaña), agora com uma família estabelecida, eles vivem tranquilos até que terão que dar adeus ao antigo lar para proteger aqueles que amam.
A narrativa do filme segue basicamente a mesma fórmula do anterior, e de outros tantos filmes vistos nos anos 90 e início de 2000, mas isso seria um problema se não estivéssemos falando de uma obra que visa marcar o público não por um grande roteiro e reviravoltas brilhantes, mas sim pela experiência sensorial que ele pode oferecer, estamos diante de algo feito para estabelecer outro nível, algo ser batido em termos de realismo.
Imersão é a palavra-chave de O Caminho da Água, assim como era no primeiro, mas agora em um nível que sequer era imaginado que o cinema pudesse atingir. O uso do 3D é de longe o mais impressionante já visto em qualquer mídia. O efeito nunca esteve tão nítido a ponto de que não importa o movimento que faça com a cabeça ou o ângulo em que estiver sentado, tudo funciona perfeitamente. Como se já não fosse o suficiente, o filme roda quase todas as suas cenas à 48 quadros por segundo, o dobro do convencional. Isso permite maior fluidez de imagem e torna os movimentos mais realistas e suaves. Então é como se você estivesse realmente dentro da cena.
Mas a verdadeira magia acontece a partir do momento em que os Metkayina e toda a vida marinha são apresentados. Aqui Cameron aproveita a longa duração de 3 horas e 12 minutos para permitir que o espectador contemple aquele mundo.
Uma rápida curiosidade: durante a produção do filme, o diretor também produziu o documentário O Segredo das Baleias, que está disponível no Disney+. Ao longo de quatro episódios, pesquisadores analisam o comportamento das baleias no oceano como suas relações familiares, a cadeia alimentar e sua diversidade enquanto um grupo de diversas espécies. Tudo o que eles aprenderam foi levado para o universo de O Caminho da Água, inclusive muitos takes são semelhantes à um documentário.
Detalhes como esse fazem desse filme um blockbuster diferenciado. Há uma guerra prestes a acontecer, mas de nada importa se não há empatia pela vida que habita esse mundo. Daí vem a importância da perfeição técnica. Qualquer superficialidade poderia arruinar o que o roteiro está contando e que é o tópico que mais evoluiu do primeiro para o segundo.
O grande desfecho do filme empolga e entrega um verdadeiro espetáculo, onde o diretor pisa no acelerador, mesmo que metaforicamente, nos tem totalmente ligados aos personagens e ao mundo novo que até alguns minutos atrás era totalmente novo, e ainda reserva uns minutos para provar que mesmo essa história sendo um grande clichê dos filmes de ação, ela ainda se passa em Pandora e por isso é mágica, é capaz de nos emocionar e deixar mais uma vez a vontade de querer voltar.
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Resultado de uma experiência alquímica que envolvia gibis, discos e um projetor de filmes valvulado. Jornalista do Norte que invadiu o Sudeste para fazer e escrever filmes.